A camiseta
Daniel Philipi Knop
Uma das peças de roupa cuja trajetória representa uma inversão de comportamento entre o início e o fim do século XX foi a Camiseta. Em termos de produção do vestuário, o modelo de roupa é simples para ser costurado e prático de ser usado. Gerações contemporâneas conhecem as camisetas pelo uso cotidiano, onde características como conforto, praticidade e facilidade de adequação ao clima predominam. Mas foi a moda e as expressões culturais que, através de recursos como estampas e desenhos; fizeram da camiseta pano de fundo para tentativas de mudanças políticas ou comportamentais da sociedade. A história da camiseta no Brasil está intimamente ligada à Cia. Hering: empresa do ramo de malharia que iniciou suas atividades em 1880 na cidade de Blumenau, produzindo camisetas, ceroulas e meias. Todas essas peças eram consideradas roupas íntimas no século XIX e início do século XX, motivo que também definia a cor das peças: produzidas na cor crua da matéria-prima, o algodão natural. Em relação ao uso, quando sob camisas engomadas de colarinho, tinham a função de aquecer o corpo e os pulmões das baixas temperaturas comuns na região Sul e Sudeste do Brasil. Normalmente as classes médias e altas da sociedade usavam dessa maneira. Em serviços braçais como lavouras, cultivos ou serviços pesados de carga e descarga de navios – comuns às classes operárias – as camisetas de malha permaneciam à mostra, simples e feitas em algodão de baixa qualidade. Eram destinadas apenas ao cobrimento do dorso afim de evitar a nudez exposta em público.
A primeira metade do século XX fez o mundo presenciar o início de duas
Guerras Mundiais que transformaram o comportamento social e a postura dos indivíduos na sociedade. Sob alguns pontos de vista, o desejo de liberdade de algumas nações passou a ser representado pela figura dos jovens e seus ideais menos rígidos. Em 1950 “a juventude surgia como referência, principalmente ditada pelo modelo americano”.