A BUSCA PELO SAGRADO: O mito do herói e os ritos de passagem
GP 07 Mística e Iluminação
Coordenadora: Cecília Cintra Cavaleiro de Macedo (Centro Universitário São Camilo-SP)
André Miele Amado mieleamado@gmail.com Eu sai da minha terra
Por ter sina viageira
Com dois meses de viagem
Eu vivi uma vida inteira
Sai bravo, cheguei manso
Macho da mesma maneira
Estrada foi boa mestra
Me deu lição verdadeira
Coragem num tá no grito
E nem riqueza na algibeira
E os pecado de domingo
Quem paga é segunda-feira
Capoeira do Arnaldo
Paulo Vanzolini
O rito de passagem ou de iniciação é um rito que marca a transição de um status social ou sexual a outro. Ritualmente reproduz o nascimento, a saída do bebê da barriga da mãe e a entrada para uma nova realidade. Assim como no nascimento, o rito de passagem exige o desprendimento, esforço, sacrifício. Em algumas culturas tais ritos são acompanhados de escarificações e privações1.
Em 1909, Otto Rank(1884-1939) pesquisador, psicanalista, colaborador e colega de
Sigmund Freud, em sua obra Der Mythus von der Geburt des Helden (O mito do nascimento do Herói) analisa os mitos de Sargon, Moisés, Karna, Édipo, Paris, Telephus, Perseu,
Gilgamesh, Cyrus, Tristan, Romulus, Hercules, Jesus, Siegfried e Lohengrin. Em sua análise ele destaca símbolos recorrentes, a todos esses mitos, tais como a água, a luta para nascer, mesmo contra toda adversidade, e a vitória do herói.
Otto Rank ressalta que para compreender os mitos é necessário adentrar no reino da imaginação. “Numerosos investigadores têm enfatizado que a compreensão da formação do mito requer o retorno para a sua derradeira fonte, a faculdade da imaginação individual”.2 A compreensão do mundo imagético é essencial para compreender o mito e para Otto, a fonte do mundo imagético é a criança.
Licenciado em Física pela Universidade Federal da Paraíba e mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciências das Religiões da mesma universidade.
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