A busca da Harmonia, por Thompson e Polanyi
O historiador inglês Edward Thompson analisa no seu texto as diferentes formas de percepção do tempo pelo homem na Europa Ocidental no período da Revolução Industrial no século XVIII. Com este acontecimento histórico importante deu-se inicio a inúmeras mudanças sociais, políticas e econômicas impulsionadas pelo crescente desejo de evolução técnica e o aumento dos lucros.
Neste período percebiam-se duas distintas maneiras de ver o tempo; a primeira do tempo orientado por tarefas e a segunda do tempo como valor monetário. A economia familiar era orientada pelas tarefas, apropriada para as atividades domésticas e das comunidades camponesas, sendo usada até hoje em áreas rurais da Grã Bretanha. O autor observa que tal representação é “humanamente mais compreensível do que o trabalho de horário marcado”, uma vez que o trabalhador cuida do lhe parece ser mais importante; o dia de trabalho se prolonga segundo a tarefa; “parece não haver separação entre o trabalho e a vida” (Thompson, Edward, 1998, p.271). O tempo como moeda surgiu com a figura do empregador contratante de mão de obra, ele cuidava para que o tempo não fosse desperdiçado, tempo reduzido a dinheiro. O trabalho passou a ser marcado pelo relógio. Para os acostumados com a noção de horário marcado, a atitude em relação ao tempo por tarefa era “perdulária e carente de urgência” (Thompson, Edward, 1998, p. 272).
Thompson argumenta que o modo de vida anterior à industrialização não é nem superior nem inferior, mas que o registro histórico acusa também a exploração e a resistência à exploração. E que não se deve presumir que aqueles que acreditam e defendem o modo de vida na sociedade industrial tenham virtudes morais superiores àqueles que não o fazem. Para ele as “pessoas[...]devem de algum modo combinar numa nova síntese elementos do velho e do novo, descobrindo um imaginário que se baseie nas necessidades humanas”.