Ensinando música musicalmente
Published by Joe Black on 18/11/08 às 14:05
KEITH SWANWICK é um dos maiores educadores musicais da atualidade
Capítulo 2 (Música como cultura: o espaço intermediário)
Existem duas verdades importantes. Uma é que costumes e convenções são diferentes. Outra é que a exposição a outras culturas ajuda-nos a entender algo da nossa. Todos os músicos têm sotaque.
Toda música nasce em um contexto social e que ela acontece ao longo e intercalando-se com outras atividades culturais.
A música é uma forma de pensamento, de conhecimento. Como uma forma simbólica, ela cria um espaço onde novos insights tornam-se possíveis. A música é significativa e válida. Ela é um valor compartilhado com todas as formas de discurso, porque estas articulam e preenchem espaços entre diferentes indivíduos e culturas distintas.
Para Platão, o único caminho para o conhecimento real era a reflexão filosófica. Essa atividade rara nos permite compreender o imutável, "as formas" absolutas, as essências que estão por trás de imagens incertas e enganosas. A educação musical poderia ser uma tentativa de iniciar os alunos em trabalhos musicais que expressassem valores eternos.
Uma alternativa a essa rigorosa perspectiva é a visão "praxial". Esta remete a Aristóteles e os nominalistas medievais. O conceito contemporâneo de "práxis" tem sido influenciado profundamente pela sociologia e antropologia, e concerne à relatividade dos costumes sociais e da prática. "Sotaques" bem diferentes são percebidos como igualmente válidos, e nenhum é, essencialmente bom. Em vez disso, pergunta-se o que é bom para um contexto social específico. O significado e o valor da música nunca podem ser intrínsecos e universais, mas estão ligados ao que é socialmente situado e culturalmente mediado. Sob esse ponto de vista, o valor musical reside em seus usos culturais específicos, no que é "bom para" na vida das pessoas. A música é "boa", "certa" ou "oportuna"