A borboleta azul
Outra obra literária que também ganhou as telas de cinema foi O Invasor, de Marçal Aquino. Neste livro, assim como em sua adaptação cinematográfica, não encontraremos presidiários rebelados, chacinas, tiros e sangue derramado. O que será analisado é a presença da violência em classes sociais distintas e o despertar violento do homem. O Invasor, de Marçal Aquino, é um romance que virou filme antes de ser romance, como cita Ângela Gandier em seu ensaio O Invasor de Marçal Aquino – quando os manos e os bacanas cheiram o mesmo pó. A dupla adaptação – em roteiro e produção cinematográfica quase simultaneamente– aponta para o nascimento de um tipo experimental em que o diálogo, literatura x cinema se
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consolida em bases diversas daquelas que fundamentaram a cinematografia brasileira.
“Após o lançamento do filme, Aquino decide retomar o desenvolvimento e a conclusão do livro, quando percebe o equívoco da opção feita pela focalização interna: o ponto de vista do narrador e personagem principal, Ivan, está atado à restrição dos elementos a relatar, em função da reduzida capacidade de conhecimento dessa personagem a respeito dos acontecimentos do tempo futuro, ou seja, o desconhecimento do narrador é semelhante ao dos leitores. Ivan é o personagem que rege a representação narrativa, que tem como ponto de partida o acerto como matador de aluguel, Anísio, habitante da periferia de São Paulo. Os fatos da narrativa ocorrem fora de sua consciência e fora mesmo de sua existência, e aqui entra o desconcerto maior: o narrador esbarra na impossibilidade de relatar a própria morte”.1
Ângela Gandier, continua sua reflexão alertando para a emergência de um diálogo da literatura com o cinema, nas recentes produções cinematográficas oriundas de romances literários que ganharam as telas:
“Percebe-se a emergência de um diálogo da literatura com o cinema, neste caso, a da produção literária