A avaliação entre duas logicas
A avaliação é uma invenção nascida com os colégios por volta do século XVII e tornada indissociável do ensino de massa que conhecemos desde o século XIX, com escolaridade obrigatória.
Quando resgatam suas lembranças de escola, certos adultos associam a avaliação a uma experiência gratificante, construtiva; para outros, ela evoca, ao contrário, uma seqüência de humilhações.
Avaliar é cedo ou tarde criar hierarquias de excelência, em função das quais se decidirão a progressão no curso seguido, a seleção no inicio do secundário, a orientação para diversos tipos de estudos, a certificação antes da entrada no mercado de trabalho e, freqüentemente, a contratação. Avaliar é também privilegiar um modo de estar em aula e no mundo, valorizar formas e normas de excelência, definir um aluno modelo, aplicado e dócil para uns, imaginativo e autônomo para outros...
Que a avaliação possa auxiliar o aluno a aprender não é uma idéia nova. Desde que a escola existe, pedagogos se revoltam contra as notas e querem colocar a avaliação mais a serviço do aluno do que do sistema.
Este livro tenta mostrar a complexidade do problema, que se deve a diversidade das lógicas em questão, a seus antagonismos, ao fato de que a avaliação esta no âmago das contradições do sistema educativo, constantemente na articulação da seleção e da formação, do reconhecimento e da negação das desigualdades.
A avaliação regula o trabalho, as atividades, as relações de autoridade e cooperação em aula e, de certa forma, as relações entre a família e a escola ou entre profissionais.
Uma avaliação a serviço da seleção?
A avaliação é tradicionalmente associada, na escola, a criação de hierarquias de excelência. Os alunos são comparados e depois classificados em virtude de norma de excelência, definida no absoluto ou encarnada pelo professor e pelos melhores de alunos. No decorrer do ano letivo, os trabalhos, as provas de rotina, as provas orais a notação de trabalhos pessoais