A aurora da filosofia

A AURORA DA FILOSOFIA

O pensamento começa a caminhar. A Grécia Antiga espalhava-se por várias pequenas comunidades independentes no Mediterrâneo, desde a Jônia, na Ásia Menor, até ao sul da Itália. No centro estava a Grécia. Essa dispersão resultou das sucessivas invasões em busca, através dos mares, de novas terras cultiváveis. Nesse cenário tomam forma, no século VI a. C., as primeiras idéias sobre as quais se levantará o pensamento ocidental.
Homero e a fatalidade. Antes mesmo desse período, a Grécia já apresentava um intenso vigor cultural, do qual Homero é representante, embora a existência real desse poeta seja uma questão discutida. Os poemas atribuídos a Homero narram um antigo acontecimento histórico: as últimas guerras troianas, que aconteceram entre 1260 e 1250 a. C. Assim, a Ilíada narra a fase final da guerra, em que o guerreiro Aquiles envolve-se em uma série de aventuras contra os troianos. A Odisséia descreve uma longa viagem de volta: depois da derrota de Tróia, o herói Ulisses (Odisseu) viaja pelos mares durante dez anos até chegar a Ítaca, sua terra, onde sua mulher Penélope pacientemente o espera.
Em ambos os relatos, história, ficção, lenda, mitos e deuses se confundem. Os deuses e os mitos aí presentes, por sinal, não são os dos povos em guerra. São os dos dórios, que, vindos do norte séculos depois das guerras troianas, implantaram uma sociedade aristocrática e firmaram o que seria a civilização grega ou helênica.
Se Homero narra fatos bem anteriores há seu tempo, a difusão de sua obra pela Grécia também se faz muito depois da época em que teria vivido. Seus poemas só chegam a Atenas por volta do século V a. C., que em tudo já estava distante do período de Homero. O modo de vida e a cultura eram outros. A sociedade aristocrática que esbanjava luxo havia cedido à vida comedida do regime democrático e os deuses já não bastavam para explicar o que acontecia.
Mas se essa época consagrou Homero como ‘pai da cultura helênica’ é porque