A Arte Poetica
A tragédia é imitação de caráter elevado, então os personagens devem ser bons, evitando-se a maldade desnecessária. Devem agir com propensão, tendo em vista um fim. No sistema racionalista aristotélico, tudo tem seu lugar, especialmente ao lidar com a narrativa dramática, a ordenação de palavras na ficção que tinha um importante papel social e religioso na sociedade clássica.
O herói devia ser bom e constante para que o público pudesse identificar-se com ele, e, no decorrer das suas ações, a imputação da justiça cega do destino pudesse vir a tona, como uma força irresistível e implacável, traçada pelas moiras – aos quais o próprio Olimpo estava submetido, revertendo assim a sorte do herói, e causando a comoção catártica e a conseqüente a purificação dos maus sentimentos.
Na filosofia de Aristóteles, a teoria das quatro causas mostra que toda ação continua na sua conseqüência; a virtude está ligada igualmente à constância e à mediania, o meio-termo justo entre a falta e o excesso. A vitória pertence aos que persistem. O predomínio do racional está presente também na crítica que o autor faz ao recurso então usado do “deus ex machina”, ou seja, o aparecimento do sobrenatural divino para resolver as aberturas e inconsistências da trama, sinal de imperfeição. A ocorrência do irracional deve estar presente somente fora do foco principal.
O estagirita, na sua exposição, utiliza-se várias vezes de exemplos oriundos das tragédias para associá-los à sua normatização da forma trágica perfeita. O Édipo Rei de Sófocles é lembrado por ele várias vezes