A arte milenar de marcar o corpo
A tatuagem, ao contrário do que se pode pensar, não é um produto cultural recente. Desde tempos remotos, o Homem imprime pinturas e símbolos da sua cultura na pele. Seja por religião, vaidade ou estatuto social, o acto de gravar no corpo continua sendo, até hoje, uma forma de ritual, um momento de sacrifício e socialização.
Tatuagem é o processo de introduzir tinta sob a epiderme para apresentar na pele a arte desejada pelo indivíduo tatuado. O tema já não é mais novidade. Essa é a forma de modificação corporal mais famosa no mundo e é cada vez mais utilizada no Brasil. Temos a ideia de que vivemos num mundo moderno, no qual a liberdade de expressão e igualdade são seus pilares, embora ainda hoje existam aqueles que não apreciam a atividade. A arte sob a pele não é moda nova. Não se sabe ao certo quando a prática começou, mas um dos registros mais antigos foi detectado no famoso Homem do Gelo – múmia com aproximadamente 5,3 mil anos, descoberta em 1991 nos Alpes. Já as múmias egípcias femininas, como a Amunet, apresentam traços e pontos escritos na região do abdome, indicando, a partir daí, que a tatuagem no Egito Antigo poderia ter relação com cultos à fertilidade.
A tatuagem serviu, também, como identificação de grupos sociais, marcação de prisioneiros, ornamentação e até como camuflagem. Com o cristianismo, a técnica caiu em desuso no Ocidente e foi proibida. Tal tradição somente foi redescoberta em 1769, quando o navegador inglês James Cook realizou uma expedição à Polinésia e registrou em seu diário de bordo o costume local: “homens e mulheres pintam o corpo. Na língua deles, chamam isso de tatau. Injetam pigmento preto sob a pele de tal modo que o traço se torna indelével”. Cem anos depois, Charles Darwin afirmaria que nenhuma nação desconhecia a arte da tatuagem. Na verdade, dizia que a maioria dos povos do planeta praticava ou havia praticado algum tipo de tatuagem. Em 1873, um artista chamado Gottfried Lindauer