Relatar o comum: desmistificando a rotina de um estúdio de tatuagem

Relatar o comum: desmistificando a rotina de um estúdio de tatuagem

O presente relato nasce de um questão levantada por Laplatine, onde a etnografia seria uma narrativa do “visto” e “do invisível”, organizado e sistematizado em forma de texto. E que a mesma teria muitas ligações com a literatura, pois ambas se interessam por questões quotidianas, em tentar perceber de uma forma diferenciada o “comum”, o “trivial”.
O “campo” escolhido para a análise foi um estúdio de tatuagem, que traz consigo uma particularidade: é o meu espaço de trabalho. Tentando usar como metodologia a noção de experiência cunhada por Magnani, onde a mesma figura como uma experiência de campo sem um rigor metodológico muito afiado. O principal objetivo é relatar pontos bastante interessantes do cotidiano de um estúdio de tatuagem, mas os problematizando e colocando sobre uma perspectiva “antropológica”. A experiência foi vivenciada no estúdio Tattoo Art Shop, localizado no bairro de Tambaú em João Pessoa.
A tatuagem é um arte milenar, difundida por vários povos diferentes, de japoneses à samoanos, passando por filipinos e recaindo em chineses. Mas apesar de ser uma prática com tamanha longevidade cultural, ainda é rodeada por uma série de estigmas e visões deturpadas a respeito de sua prática e sobre os que escolhem “marcar” seus corpos com a mesma. Apesar de todo o apelo midiático com a ajuda e incentivo das celebridades, nem todo tatuado é bem visto, principalmente na cidade de João Pessoa que apesar de ser uma capital, ainda resguarda alguns costumes provincianos. Mas saindo do problema do estigma sobre a tatuagem e partindo para a imersão descritiva da experiência, a rotina do estúdio segue da seguinte forma: de sunga à sexta o estúdio funciona das 14:00 às 19:00 hrs e aos sábados das 10:00 às 15:00. O movimento é grande, visto que a tatuagem hoje em dia já é vista como uma categoria artística. O público frequentador desse espaço não obedece a um recorte específico, sendo bastante