Milhões de pessoas viajam o ano inteiro e, paradoxalmente, pouquíssimas compreendem a arte que é viajar. E quando falo em viajar não estou, necessariamente, me referindo àquelas que vão todas as férias com a colega fazer comprinhas em Nova Iorque. Tampouco me refiro àquelas que se limitam a comprar um pacote promocional de 5 dias contados "conhecendo" Paris, Buenos Aires, Disney, onde dormirão em um confortável hotel, e esperarão pelo Transfer que as levará ao próximo ponto turístico (Oba! Vou tirar várias fotos sorridentes e ninguém perceberá o quão chata está essa viagem!). Talvez eu esteja me referindo àquelas que desbravam ao máximo o potencial, a beleza, a diversão, a riqueza de um lugar. De vários lugares. Talvez eu queira dizer que falta se aventurar, arriscar, fugir dos planos previsíveis, dos pacotes, dos roteiros, da rotina. Talvez falte viajar um pouco sozinho, sair da zona de conforto de estar sempre acompanhado e poder refletir suas próprias ideias, ficar o tempo que for necessário aproveitando a viagem, sem que ninguém interrompa e diga que é hora de voltar para casa. Talvez não. Talvez não falte viajar sozinho, e sim, rodeado de pessoas. Mas não as mesmas de sempre, não essas do ciclo sócio-cultural de sempre. Talvez falte conhecer novas culturas, trocar experiências, ter novas ideias, perder alguns medos, alguns pré-conceitos. Talvez falte pegar uma mochila e ir...para bem longe. Mas para onde? Para Aruba? Para o interior do Espírito Santo? Para a esquina da minha rua? Para o meu quarto? Não sei. Na verdade, pouco importa. Viajar é ganhar potência sobre você mesmo para sentir-se livre. Para viajar, não basta, simplesmente, estar em algum lugar, se não vivenciá-lo, vivenciar-se. Seja em Nova Iorque, acompanhado de sua frívola colega de compras. Seja de olhos fechados, parado, sem sequer precisar sair do lugar. E acabar