A alimentação como objeto para as ciências sociais
Simmel (2004) nos mostra que a alimentação, um processo fisiológico e extremamente individual tem também um caráter social, pois embora o que uma pessoa coma não possa ser comido por outra, o estar junto e comer acompanhadopossibilita, pela reunião em torno do alimento, a idéia de comunhão, liberando uma enormeforça socializadora. Força que para o árabe, conforme o autor, permite transformar um inimigo mortal ou um desconhecido em um amigo. Segundo Visser (1998), poucas pessoas sentiriam vontade de comer sempre sozinhas, a comida seria um relaxamento ritual, uma pausa no dia de trabalho que nos daria oportunidade de escolher companheiros e conversar com eles, seria como uma desculpa para recriar nossa humanidade e nossos relacionamentos, assim como nossas forças. E por precisarmos e continuarmos a comer, como coloca a autora, nos esforçamos para transformar a comida em forma de arte, meio de troca, diferenciação de classe, nacionalidade e forma de interação social. Conforme Carneiro (2003) a alimentação é um complexo simbólico de sistemas sociais, sexuais, políticos, religiosos, éticos e estéticos além de outros e para além de um processo orgânico é uma questão econômica, social e cultural.
Superamos então, como coloca Simmel (2004), a naturalidade e materialidade do ato de comer, pois estabelecemos horários para comer com os outros,