A agricultura familiar - perspectiva critica

A Agricultura Familiar: Perspectiva Crítica

Para que sejam feitas considerações pertinentes a respeito da maneira como o professor da UNICAMP Márcio Buainaim propõe que seja observada a questão da Agricultura Familiar, é forçoso que se recorra a outras fontes que ampliem a perspectiva do leitor. Comece-se pelas ponderações trazidas pelo então Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Reinhold Stephanes em artigo publicado no jornal Valor Econômico. Destaca-se na argumentação do ex-ministro a retomada do contexto histórico da Agricultura Familiar no Brasil, que não se origina na década de 1990 com o PRONAF – Programa Nacional da Agricultura Familiar. Encontram-se na década de 1970 as raízes não só da transformação que alçaram o país à condição de potência agrícola, mas também dos intrincados problemas com os quais nos deparamos agora. A evolução brasileira enquanto produtor agrícola terminou por trazer modernização e, logicamente, uma densidade muito maior de recursos, peculiar às cadeias produtivas melhor alicerçadas, como passou a ser o caso no Brasil. Paralelamente a este novo influxo de recursos, surgiram problemas relacionados à distribuição destes. O principal deles é um ponto de concordância entre o professor Buianaim e o ex-ministro: a forte crítica a certa caracterização dualista de fundo maniqueísta adotada para separar os agricultores em “agricultor do bem e outro do mal, de um pequeno e cuidadoso com o ambiente em oposição a outro latifundiário, escravocrata e destruidor da natureza” – nas palavras do próprio professor em artigo publicado no Valor Econômico e que apenas atrapalham a evolução da produção. As incongruências tão destacadas pelo professor em seu livro, publicado em 2007, retornaram aos holofotes com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pedido da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e que critica fortemente o censo realizado pelo IBGE. Não se tem a intenção neste breve trabalho de