Estudante
Críticas ambientalistas à Revolução Verde*
Introdução
Os embates ambientalistas oriundos dos desdobramentos das noções de desenvolvimento sustentável conformaram duas grandes vertentes teóricointerpretativas críticas. A primeira trata a sustentabilidade com ênfase na questão ambiental e está mais presente nos países de capitalismo avançado, do Norte, e em estratos de camadas sociais mais ricas. Esta vertente crítica tende a defender uma nova relação do ser humano com a natureza, seja em sua dimensão técnica, seja existencial. A segunda vertente não consegue visualizar a questão ambiental sem ressaltar a dimensão da eqüidade social. Esta vertente está mais presente nos países periféricos, do Sul, e nas camadas mais pobres de nossas sociedades capitalistas. Naquilo que se refere ao mundo rural estas críticas tendem a conformar-se como críticas à Revolução Verde, tanto, de um lado, no sentido de apontar os problemas que estas práticas produtivas impõem à natureza e ao ecossistema quanto, de outro, no sentido de ressaltar o caráter concentrador de riquezas e de benefícios sociais a ela associado. Neste caldo crítico, gera-se a conseqüente busca de tecnologias e práticas alternativas a este padrão tecnológico, bem como de formas sociais produtivas de organização menos concentradoras. Este artigo visa refletir sobre estas críticas associadas à Revolução Verde, como ela se deu no Brasil. Situarei inicialmente as reações ambientalistas que se conformam na origem da noção de desenvolvimento sustentável, procurando destacar suas dimensões técnica, social e econômica. Na análise, estarei indicando 39
que, por detrás de um aparente consenso sobre o conceito de sustentabilidade, esconde-se uma multiplicidade de significados, que refletem as disputas de diferentes interesses sociais, econômicos e políticos, assim como uma disputa pelo próprio significado hegemônico do conceito de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável.1 Estas