XRM-2600

Sonia Homolka
Dr. Rex Nielsen
659R
22 de Janeiro de 2014 No conto “XRM-2600”, Araújo descreve de forma satírica o confronto cultural entre um funcionário brasileiro, que foi designado por seu chefe para treinar o novo empregado de seu setor, um estrangeiro, que veio da Europa, como refugiado de guerra de seu país. Ao tratar desse confronto com o diferente, Araújo sutilmente aborda questões comportamentais de seu personagem Felipe, que posiciona-se sempre como aquele que tem razão, sua procrastinação e indiferença ao auto-aperfeiçoamento profissional, e sua expectativa de promoção, que repousa não em si próprio ou no seu desempenho, mas no que o outro faz ou deixa de fazer. A intenção de Araújo é clara ao dimensionar o “bom e velho escritório”, para um espaço mais amplo, o espaço da sociedade em geral. O conto “XRM-2600”, acontece basicamente dentro de um típico escritório, que poderia ser localizado em qualquer cidade brasileira. Felipe é funcionário dessa empresa há doze anos. Seu sonho é ser promovido, mas durante todo o tempo em que trabalha lá, nunca fez o menor esforço para se aprimorar profissionalmente. Simplesmente cumpria sua rotina, dia após dia. Rotina essa que só foi alterada com a chegada de um suposto estrangeiro, que veio trabalhar no mesmo setor que ele. Felipe nem o via como estrangeiro porque “era um homem gordinho, baixinho, olhos pretos, cabelos escorridos e parecendo sujo. (...)parecia um pé-de-cana comum. Desse que se encontra em qualquer boteco”. (p.90) Wladomir aprendia tudo rápido, e era pró-ativo. Felipe ficou satisfeito, porque talvez o bom desempenho do novo funcionário lhe rendesse uma promoção. Era nisso que confiava, pois nunca fizera nada que lhe desse esse mérito, e ele tinha conciência disso. Portanto, na sua perspectiva, se por um lado, o bom desempenho de Wladomir poderia lhe garantir uma promoção, por outro, passou também a temer o novo colega de trabalho.
As diferenças entres os dois cresciam, especialmente