Walter Benjamin
A época da máquina é, para a consciência humana, uma época de esperança e horror, ambígua e confusa. Enquanto num momento a tecnologia é igualada ao progresso e à promessa de um mundo de abundância, noutro ela evoca a visão de um mundo enlouquecido, fora de controlo, a visão de Frankenstein.
Stuart Ewen
A fotografia (…) libertou as artes plásticas da sua obsessão pela semelhança, porque (…) a fotografia e o cinema são descobertas que satisfazem definitivamente, e na sua própria essência, a obsessão do realismo.
André Bazin in «Ontologia da máquina fotográfica», O que é o cinema?
Walter Benjamin é tido como um dos mais importantes teóricos e influente crítico literário do século XX, continuando ainda a sua personalidade multifacetada a ser determinante no desenvolvimento da cultura moderna ocidental, mais de cinquenta anos após a sua morte. Nascido na cidade de Berlim em 1892, Benjamin, de ascendência israelita, tornou-se rapidamente um homem de cariz marxista, à frente do seu tempo, fascinado pelos progressos técnicos e consequente mudança nas formas de percepção do mundo, tendo deixado uma obra riquíssima que muito contribuiu para o desenvolvimento do Instituto de
Frankfurt,
escola à qual se manteve ligado, ainda que por laços muito ténues. No seu ensaio “A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica”, (inserida no livro Sobre Arte, Técnica,
Linguagem e Politica escrito em 1936) no qual versa a minha recensão, Benjamin analisa o declínio da autenticidade da obra de arte por efeito dos novos meios de produção e reprodução técnicos propondo assim, um eventual fim da arte moderna enquanto arte estética por uma arte politica. Ainda que os assuntos abordados não estejam rigidamente balizados, decidi, de acordo com a minha leitura, dividir este ensaio em seis partes de análise. Numa primeira parte, Walter Benjamin fala da obra de arte relacionando-a com a autenticidade,