Voltaire
O que Voltaire coloca como algo, no mínimo, estranho, é acerca do feito de Jesus ao ressuscitar Lázaro. Pois esse fato não teria despertado o interesse dos romanos? Mas não há um único historiador do período que relate esse fato. E os governantes romanos, segundo a História, nunca mencionaram algo sobre esse assunto. Afirma Voltaire: “um morto ressuscitado teria sido objeto de atenção e do espanto do universo; que toda magistratura judia, e particularmente Pilatos, teria recolhido os mais autênticos testemunhos deste fato; que Tibério ordenava a todos os procônsules, pretores, presidentes das províncias, informá-lo com exatidão de tudo; que teriam interrogado Lázaro que permanecera morto quatro dias inteiros, que teriam querido saber o que acontecera à sua alma durante esse tempo.”7 Caso fosse confirmado o fato ocorrido com Lázaro pelas diversas instâncias detentoras de poder da época, seria atestada a divindade de Jesus e os quatro cantos do planeta seriam cristãos sem contestações.
Quanto ao Novo Testamento, Voltaire aponta os milagres como constatação do excesso de credulidade e ignorância das pessoas que viviam no contexto em que Jesus esteve presente. A rigor, o milagre seria um evento fantástico e incompreensível para os homens, uma exceção às regras da natureza, mas Voltaire vai além quando afirma que ao fazer um milagre Deus estaria assinando seu atestado de fraqueza e não de potência, porque Este não teria conseguido por meio das leis imutáveis e eternas criadas por Ele mesmo, resolver a situação. Os milagres estão presentes em relatos de vários povos antigos porque a capacidade para construir raciocínios explicativos