viveiro
Com este objectivo presente, efectua-se, num primeiro ponto, uma reconstituição sintética das relações rural-urbano que historicamente dominaram nos países europeus, de forma a salientar as principais inflexões ocorridas ao longo do tempo e o seu significado.
Num segundo ponto, sublinham-se os traços mais marcantes das situações hoje prevalecentes, interpretando-os à luz da breve reconstituição histórica anteriormente apresentada.
Por último, no terceiro ponto, propõem-se algumas linhas estratégicas de intervenção, visando o estabelecimento de uma nova geração de relações de complementaridade entre o mundo rural e o mundo urbano.
Relações rural-urbano: uma história que importa compreender
A velha oposição entre o mundo rural e o mundo urbano: complementaridade e simbiose?
Historicamente, o mundo rural destaca-se por se organizar em torno de uma tetralogia de aspectos bem conhecida:
- uma função principal: a produção de alimentos;
- uma actividade económica dominante: a agricultura;
- um grupo social de referência: a família camponesa, com modos de vida, valores e comportamentos próprios;
- um tipo de paisagem que reflecte a conquista de equilíbrios entre as características naturais e o tipo de actividades humanas desenvolvidas.
Este mundo rural secular opõe-se claramente ao mundo urbano, marcado por funções, actividades, grupos sociais e paisagens não só distintos mas, mais do que isso, em grande medida construídos "contra" o mundo rural. Esta oposição tende a ser encarada como "natural" e, por isso, recorrentemente associada a relações de natureza simbiótica: campo e cidade são complementares e mantêm um relacionamento estável num contexto (aparentemente?) marcado pelo equilíbrio e pela harmonia de conjunto.
Mundo rural arcaico e mundo urbano-industrial moderno: