Vitorianos, alemães e um francês
O autor inicialmente traz o contexto do nascimento da Europa moderna. Nos anos 1700 aconteceram transformações profundas na agricultura e na manufatura, especialmente na Inglaterra. As máquinas a vapor e de fiação se espalhavam e uma classe cada vez mais numerosa de camponeses sem terra e de trabalhadores urbanos começou a se fazer ouvir.
As mudanças mais importantes, contudo, ocorreriam na década de 1830, quando foram construídas as primeiras grandes ferrovias e quando, uma década depois, os navios a vapor cruzavam regularmente o Atlântico, trazendo a possibilidade de movimentar enormes quantidades de informações, matérias-primas, mercadorias e pessoas por distâncias globais.
Essa efervescência significava que a produção podia ser aumentada, tanto na agricultura como na indústria manufatureira, e o resultado foi o crescimento da população que passou de cerca de 10 milhões em 1800 para 37 milhões em 1901, dos quais 75% viviam nas cidades, já que os camponeses, forçados pela pressão populacional e pela racionalização da agricultura, abandonaram o interior e migraram para centros urbanos como Londres e Paris, onde as condições eram precárias, e foram ressocializados como operários.
Com o tempo, protestos contra essa situação aumentaram em frequência e em escala, tendo como exemplo mais extremo a Revolução Francesa. Simultaneamente aos protestos desenvolveu-se uma ideologia nova, de caráter socialista, cuja formulação definitiva ocorreu com Karl Marx.
O sucesso do movimento trabalhista durante o século XIX teria sido praticamente impossível sem o trem e o navio a vapor que deslocaram milhões de migrantes para diversas partes do mundo, aliviando a pressão populacional na Europa. Ao mesmo tempo, nas colônias, administrações difundiam a cultura e as instituições europeias, o que teve diversos efeitos.
Novas relações de poder surgiram e, nesse contexto, novas filosofias, ideologias e mitos surgiram para defendê-las ou