Visões da liberdade
Neste capítulo, começa-se a abordar a questão da escravidão com uma crônica escrita por Machado de Assis em maio de 1888 e transcrita e comentada em livro recente de John Gledson. Que narra a história de um senhor de escravos, que decide em um de seus jantares, alforriar um humilde escravo. Mais era tudo um golpe pois o senhor de escravos sabia que a abolição de escravos estava próxima ,e se adiantou com planos de vir a ser deputado. O livro de Gledson é uma tentativa de reconstrução da vida machadiana da história do Brasil no século XIX. A crônica sobre a alforria do bom escravo Pancrácio aparece no texto de Gledson para reforçar o argumento de que Machado percebia a abolição da escravidão como uma questão muito relativa, pois o que estaria ocorrendo era simplesmente a passagem de um tipo de relacionamento social e econômico injusto e opressivo para outro. Machado nos oferece uma explicação para as mudanças na crônica de maio de 1888. Ele identifica pelo menos três aspectos essências no processo histórico das duas décadas precedentes. Primeiro, há o conflito entre os princípios da primazia da liberdade e da defesa irrestrita do direito de propriedade privada. Esse é um dos eixos fundamentais do debate a respeito do encaminhamento político que se devia dar a ´´ questão servil ´´ na segunda metade do século XIX. Afinal, discutir a liberal de defesa da propriedade privada e, além disso, era a própria organização das relações de trabalho que parecia estar em jogo. Ou seja, o assunto era delicado porque nele cintilava o perigo de desavenças ou rachas mais sérios no interior da própria classe dos proprietários e governantes. Outro aspecto abordado na crônica é a falência de uma certa política de domínio. Um dos pilares da política de controle social na escravidão era o fato de que o ato de alforriar se constituía numa prerrogativa exclusiva dos senhores. Ou seja, cada cativo sabia perfeitamente que, excluídas as fugas e outras formas