Visao da morte ao longo do tempo
2005; 38 (1): 13-19
Simpósio: MORTE: VALORES E DIMENSÕES
Capítulo I
A VISÃO DA MORTE AO LONGO DO TEMPO
DEATH CONCEPTIONS THROUGH THE TIMES
Oswaldo Giacoia Júnior
Docente. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - UNICAMP
CORRESPONDÊNCIA: Departamento de Filosofia - IIFCH-UNICAMP. giacoia@tsp.com.br Giacoia Júnior O.
A visão da morte ao longo do tempo. Medicina (Ribeirão Preto) 2005; 38(1): 13-19.
Resumo: O objetivo do presente trabalho é apresentar alguns elementos que demonstram o caráter histórico da experiência da morte, de modo a oferecer subsídios para uma reflexão sobre os diversos sentidos que a expressão simbólica da morte assume nos rituais funerários, cultos religiosos e manifestações artísticas em diferentes culturas.
Descritores: Morte. Cultura. Civilização. Ética. Religião. Medicina.
Se levarmos em consideração o parecer do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, os animais só conhecem o presente, não tendo experiência das dimensões temporais do futuro e do passado. “Justamente por causa disso, os animais não sentem propriamente sequer a morte: eles só poderiam conhecê-la quando ela se apresenta; mas então, eles já deixaram de ser. Desse modo, a vida dos animais é um prolongado presente. Sem reflexão, eles vivem nele e nele sempre sucumbem inteiramente”.1
Por causa disso, para Schopenhauer, em sua célebre visão pessimista do mundo, é a compreensão da finitude e da morte, tornada possível pela abertura temporal do ser humano, que constitui a autêntica raiz da filosofia, assim como das religiões: “O animal só conhece a morte na morte: o homem, com sua consciência, a cada hora se aproxima mais de sua morte, e isso torna a vida por vezes árdua até para aquele que ainda não reconheceu no todo da vida mesma esse
caráter de permanente destruição. Principalmente por causa disso o homem tem filosofias e religiões”.2
Com Schopenhauer, pode-se dizer, portanto, que a morte é o gênio