VIRILIO, Paul. A arte do motor. São Paulo: Estação Liberdade, 1996
Na sua obra, ‘L’Art du Moteur’, ao refletir sobre os motores da história, evidencia o quanto as inovações técnicas transformam as relações entre os indivíduos e a Natureza nas suas múltiplas vertentes. Segundo Virilio, os cinco motores da história: máquina a vapor, motor a explosão, o elétrico, o motor informático e o do software, contribuíram para uma ‘tecnização do território’, tornando, assim, o espaço geográfico cada vez mais mecanizado, com profundas alterações no modo de produzir, nas formas de circulação e de consumo do espaço.
Na sua opinião, a modernidade tomou o Homem de tal forma que este não consegue mais viver sem ela.
Portanto, toda a história moderna está ligada à invenção de motores. Do motor a vapor ao motor informático e à inferência lógica, passando pelo motor elétrico e pelo motor a explosão, as relações de produção e nossa informação sobre o mundo foram definitivamente transformadas. Hoje, em plena era da ‘informação total’, paradoxalmente marcada pela
‘industrialização do esquecimento’, este livro rememora que cada um desses motores modificou radicalmente a nossa percepção. A arte é uma “Arte do Motor”.
De forma mais explícita, Virilio radica a história moderna na invenção dos motores, porque, segundo o mesmo, o motor a vapor é responsável pela criação da primeira máquina que serviu à revolução industrial, permitindo a visão do mundo, através do comboio, a visão em desfile que prenuncia a visão do cinema. O motor da explosão propiciou o surgimento do avião e do automóvel. O Homem pôde obter uma informação e visão inéditas, responsável pela visão aérea. O motor elétrico deu origem à turbina, à eletrificação e criou a visão noturna das cidades. Favoreceu o cinema, que é uma arte do motor. O foguete que facultou ao
Homem fugir da atracção terrestre e obter uma visão da Terra a partir da Lua. Por fim, a inferência lógica do software responsável pela digitalização da imagem, do som e pelo surgimento da