Virginius
Era véspera das festas de São João. O advogado/autor recebe um bilhete anônimo convocando-o a acompanhar um processo que se dava em uma vila distante da corte. Com a promessa de bons lucros tal bilhete informava que os honorários advocatícios e demais despesas seriam pagos adiantados, caso o destinatário aceitasse os serviços em defesa do réu de nome Julião.
Tomado de surpresa, e vendo o caso como um mistério que poderia suscitar um romance, o advogado parte em direção a vila onde ocorrera o caso em questão e se encontrava preso seu cliente. No caminho lembrou-se que por aquelas bandas habitava um velho amigo com quem dividiu boa parte de sua vida como estudante. Transcorridas algumas léguas chega ao vilarejo e sai em busca até encontrar a casa do velho amigo, por quem foi recebido com toda hospitalidade. Prestados todos os cuidados ao hóspede, e tomado de surpresa pela visita, o anfitrião o interpela sobre o motivo que o traria até o lugar. Como alguém que se aventura em empresa desconhecida, o advogado responde que de fato não sabe ao certo. Contudo, mostra-lhe o bilhete misterioso que passados cerca de uma quinzena havia recebido. Tomando o papel nas mãos, o amigo reconhece a caligrafia atribuindo a um fazendeiro muito popular e admirado por aquelas bandas, “O pai de todos”, ou “velho Pio”, como era conhecido. Tratava-se de um homem amado por seus gestos de caridade e justiça inerentes à sua pessoa. Todo respeito e admiração que ele despertava em seus concidadãos provinham da forma como cuidava em tratar a todos com dignidade e igualdade, assim o era até com os seus escravos.
Tanta benevolência, elucidada na voz do amigo, cativou o doutor mais ainda à inspiração de um romance. À sala da casa, na companhia do amigo, mulher e filha, recordou velhas histórias dos tempos de estudante e entre uma xícara de café e outra mais e mais lembranças do passado. Posto que sem que descem conta já eram idos da meia-noite.
A ansiedade fez o viajante