Violência e saúde
Nos anos 60 do presente século, a medicina "redescobre" o tema, com os doutores Kempe e Silverman, que ao trazer o problema para a saúde, batizando-o com o nome "Síndrome da Criança Espancada", diagnosticada através de evidências radiológicas. Num trabalho científico, esses autores analisam:
"a incidência maior desta Síndrome nas crianças com menos de 3 anos, a sua gravidade, o aparecimento de seqüelas pós-hematomas subdurais, num total de 749 casos. Além de definirem os elementos clínicos e radiológicos que conduzem ao diagnóstico, insistem na discordância entre as informações ministradas pelos pais e os achados clínicos" (Guerra, 1985).
Na verdade, essa Síndrome refere-se usualmente a crianças de baixa idade, que sofreram ferimentos inusitados, fraturas ósseas, queimaduras, entre outros tipos de Iesões. Geralmente essas Iesões ocorrem em épocas diversas, bem como em diferentes etapas, e sempre são inadequada ou inconsistentemente explicadas pelos pais.
Em termos de classificação do problema na área da saúde, mais especificamente com relação ao Código Internacional de Doenças (CREMERJ, 1988), é-Ihe atribuído o código E 967 que se enquadra dentro dos homicídios, sob o título SÍNDROME DA CRIANÇA ESPANCADA E OUTRAS FORMAS DE MAUS-TRATOS. Entretanto, há inúmeros casos de crianças e de adolescentes que sofrem violência física e que não se enquadram nessa Síndrome. Portanto, entender esse fenômeno apenas enquanto Síndrome da Criança Espancada seria, no mínimo, reduzir a dimensão alcançada pela problemática. Isso quer dizer que já é hora de se detalhar a codificação existente para que ela se torne mais abrangente e adequada à realidade.
Um tipo específico de violência física que tem sido relatado recentemente é a Síndrome de Münchausen. Segundo Santoro e Guerra (1991): "em 1977, o Dr. Roy Meadow atribuiu o nome de Síndrome de Münchausen by proxy (por procuração) aos casos em que havia a fabricação de uma história clínica ou de