Violência Sexual na Escola
Este artigo foi pensado a partir dos meus atendimentos com crianças e adolescentes em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social – Creas, no município de Bragança1, onde eram atendidas vítimas de violência sexual. Encaminhadas pela Delegacia de Polícia, Conselhos Tutelares e Juizado da Infância. E dentre os vários casos de abuso sexual que chegavam ao Creas, aqueles em que o autor da violência era o pai, eram os que mais me angustiavam, pois as crianças chegavam ao serviço, trazidas pelas mães ou avós maternas, assustadas e emudecidas e eu precisava manejar este silêncio para que o atendimento fosse “garantido”.
Dentre todos os casos de abuso sexual que atendi, um suscitou meu desejo de estudar mais sobre o tema proposto nestes escritos.
Atendi uma criança de 08 anos, a quem chamarei de Carolina. Ela chegou ao serviço, encaminhada pelo Centro de Perícia Renato Chaves, veio acompanhada por sua mãe. Havia a queixa que tinha sido abusada por seu pai durante um ano e que sua mãe tinha descoberto quando, ao pegar o celular de seu companheiro emprestado, viu uma filmagem de uma criança mantendo relações sexuais com um homem, nas imagens não apareciam os rostos, mas a mãe reconheceu os corpos como sendo de sua filha e o pai desta. E diante da descoberta, fez a denúncia à delegacia, sendo o pai preso por ser o autor do abuso. Carolina não quis dar seu depoimento na delegacia e após ser examinada no IML, fora encaminhada ao Creas para ser atendida. Nos primeiros atendimentos a menina permanecia calada, gostava de ficar pintando os desenhos que eu lhe oferecia, depois dizia que queria ela mesma desenhar. Seus desenhos eram sempre bem coloridos e eram figuras de casas, flores, corações, jamais desenhava pessoas. Aos poucos, contava sobre seu cachorro, sua escola. E um dia me disse que tinha poucos amigos e eu perguntei por que, então ela me respondeu: “Meu