Violência no esporte
Há um grande crescimento do número das torcidas ao longo dos anos 70. A cada jogo havia uma torcida nova, representado um bairro específico. Com isso, por um lado, há um aumento nas brigas, mas por outro há o reconhecimento das lideranças entre si e um incipiente processo de politização.
Em 1980, surge a Astorj - Associação das Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro -, uma tentativa de agrupamento em torno de interesses comuns. Entre 1981 e 1984, torcedores fazem piquetes e boicotes pela redução do preço dos ingressos, entre outras reivindicações. Mas no fim da década a violência urbana explode e o futebol acompanha isso. A Astorj não consegue conter as rixas entre facções de torcidas e acaba se dissolvendo.
O futebol é uma leitura do que acontece no jogo da sociedade, já disse o antropólogo Roberto da Matta. Ele foi inventado para sublimar guerras e manter o conflito social em níveis toleráveis, variando de acordo com a conjuntura. Na Inglaterra, a partir da Copa de 1966, torcedores inflamados - jovens proletários em sua maioria subempregados - ganham visibilidade. Passam a instalar-se atrás do gol, apresentam um espírito combatente, almejam vencer o “inimigo”. A lógica da violência grupal nos estádios aqui começou nos anos 70, mas piorou em meados de 80. A violência dos Hooligans ficou marcada no jogo Juventus X Liverpool, na Bélgica, em 1985, que ficou no imaginário popular pelas trágicas imagens registradas pela televisão. No Brasil, a primeira morte intencional de um chefe de torcida, o Cléo, da Mancha Verde, do Palmeiras, ocorreu em 1988. Hoje, há membros de torcidas que têm relação com o crime organizado, são vinculados a facções. Repito: o futebol faz uma leitura muito própria e sintomática do que está acontecendo na sociedade.
A Inglaterra aumentou o preço dos ingressos, mas a violência não passa exclusivamente pela condição social. A nova era do futebol globalizado re-elitiza os estádios. Na nova infraestrutura, há câmeras e