VIOLÊNCIA NA FAMÍLIA
Habitualmente, a família constitui o primeiro e o mais importante espaço de crescimento físico, intelectual, afectivo e moral. Através de uma relação privilegiada com as figuras parentais, e muito particularmente com a mãe nos primeiros meses de vida (ou uma sua substituta), o bebé vai aprendendo a conhecer o mundo que o rodeia e vai percebendo que ele é diferente das outras pessoas, tendo cada uma delas a sua identidade própria. Esta é, sem dúvida, uma aquisição difícil, mas importante, que se vai processando durante toda a infância mas que se inicia por volta do segundo semestre de vida.
Um dos aspectos que dificulta este processo de reconhecimento da diferença e da distinção entre o Eu e o Outro resulta da fusionalidade, isto é, da estreita relação em que a díade, ou o par mãe-filho, inicialmente se encontra. Aquando do nascimento, o obstetra ou a parteira cortam o cordão umbilical que liga o recém-nascido à mãe. No entanto, e apesar deste desligamento, o bebé necessita de manter uma relação de forte ligação e dependência (ligação fusional) com a figura adulta a quem se vai vincular (figura de vinculação principal): é ela que não só o vai alimentar, mudar quando está sujo, aquecer quando tem frio ou libertar de alguma roupa quando tem calor, como é também a mãe que vai perceber aquilo de que o seu filho necessita em cada momento.
Nascendo cheio de potencialidades, o recém-nascido é, contudo, inicialmente muito imaturo e tem apenas o corpo e a voz para comunicar. O choro, os movimentos do corpo, a mímica vão sendo progressivamente interpretados pela mãe que passa a saber cada vez melhor quando é que o bebé está a chorar porque tem fome, ou quando é que o faz porque tem a fralda suja ou porque, muito simplesmente, quer companhia e quer tagarelar com alguém. Desta forma, a mãe (e também outras pessoas como o pai, os irmãos, os avós, etc.) vai ajudando o bebé a descodificar as suas emoções e a dar nome às coisas, num processo que é