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Violência sexual contra domésticas é folclore no Brasil, afirma pesquisadora
22 de Novembro de 2013 by mairakubik 32 Comments
Empreguetes da novela Cheias de Charme, da Rede Globo (Crédito: Divulgação)
“Fazer amor de madrugada / Em cima da cama, embaixo da escada / Amor com jeito de virada / Primeiro a patroa, depois a empregada”.
Quem foi adolescente no Brasil nos anos 1980 e 1990 dificilmente escapou de ouvir essa singela adaptação da música “Pintura Íntima”, do Kid Abelha. Há uns 15 anos, eu me lembro de uma verdadeira multidão cantando empolgadamente esses versinhos na pista de atletismo do Ibirapuera, em um dos shows da banda.
A letra me veio à cabeça ao ouvir, nessa semana, uma palestra da antropóloga ítalo-brasileira Valeria Ribeiro Corrossacz. Ela falava, na Universidade Paris 7, sobre as relações entre homens brancos e empregadas domésticas e o quanto a violência sexual nessas situações é absolutamente naturalizada, banalizada na nossa sociedade.
Eu não consegui mais parar de me questionar porque e como tantas pessoas se sentiam à vontade para entoar essas frases, ainda mais pulando felizes.
“Todo mundo sabe que existe, todo mundo ouviu pelo menos uma vez uma história”, afirmou Corrossacz. “Ter a iniciação sexual com a empregada é reconhecido como um hábito no Brasil. Há até uma expressão, TED – Terror das Empregadas Domésticas”. Autora do livro O corpo da nação (Ed. da UFRJ, 2009), ela leciona na Università di Modena e realizou uma pesquisa sobre o tema com homens brancos, de 43 a 61 anos, moradores do Rio de Janeiro.
Segundo Corrossacz, todos falaram sobre a questão sem nenhum problema. “Isso já é um dado sobre o qual refletir, o fato de que isso é uma coisa que pode ser conversada. Eu acho que isso é específico da situação das empregadas domésticas porque esses homens não chegariam para