Vin Cius De Morais
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
http://letras.mus.br/vinicius-de-moraes/87149/ amiúde: frequentemente, muitas vezes.
Soneto
Soneto: possui uma estruturafixa e regular que compõe os sonetos, ou seja, é formado por quatro estrofes totalizando quatorze versos, sendo dois quartetos (estrofe de quatro versos) e dois tercetos (estrofe de três versos). É um poema decassílabo regular, ou seja, possui dez sílabas poéticas em cada verso.
Na época da década de 30 acontecia uma transição de um período de maturidade e alargamento das conquistas modernistas da primeira geração. Vinícius foi um dos poucos poetas que trouxe a tona um modo ‘estado natural’ de fazer suas poesias, poemas e sonetos livres sem que isso vontasse ao parnasianismo, ou seja, poemas realistas-naturalistas com o obejetivo de retomar a cultura clássica dos anos 20. “Soneto do Amor Total” trata-se de alguém apaixonado que declara-se a pessoa amada de maneira absoluta desesperadora, onde unem-se o amor espiritual ao carnal. Isso porque se vê de frente a uma situação que realmente desejava.
O poema tem um caminho cheio pelo poeta, em que o calmo amor prestante (idealizado pelos poetas clássicos) junta com a sensualidade. Distante da fase metafísica, em que o desejo era negado, o eu-lírico liberta-se: De um amor sem mistério e sem virtude / Com um desejo maciço e permanente para que todas as formas de amar juntem-se em um amor pleno, total, marcado pela intensidade: Hei de morrer de amar mais do