Villa Lobos
5 de agosto de 2013
Educação musical, Villa-Lobos (por Guilherme Nascimento)
Dotado de grande poder de observação e criatividade ímpar, Villa-Lobos sempre soube, ao longo da vida, construir as ferramentas necessárias às suas necessidades. Nosso maior compositor e um dos educadores musicais de maior projeção no país foi homem com poucos antecedentes escolares, praticamente um autodidata. Quando retornou da Europa, em 1930, ele percebeu, com clareza, as deficiências musicais do povo brasileiro e se engajou na tarefa de disseminar um programa de educação musical de massa por todo o país.
As escolas públicas do estado de São Paulo haviam implantado, em 1912, um programa de educação musical de grande sucesso. Tratava-se do canto orfeônico, uma modalidade de alfabetização musical exercida através da prática do canto coral, originada na França nos anos 1830. O exercício do canto orfeônico visava contribuir para uma educação musical mais abrangente, em oposição ao ensino especializado dos conservatórios musicais. Com a adesão de Villa-Lobos ao programa educacional paulista, em 1931, o canto orfeônico ganharia um impulso jamais imaginado no país.
Mas para que seu projeto pudesse ser realizado seria necessário associar-se ao Governo Federal. Com a aliança, Villa-Lobos disseminaria o canto orfeônico por todo o Brasil e Getúlio Vargas ganharia um programa de doutrinação patriótica monumental. De mera atividade artística e educacional, o projeto original acabou tornando-se, também, instrumento de disciplina e patriotismo.
Dentre as suas realizações, Villa-Lobos propiciou a instrução musical e a prática coral a milhões de crianças Brasil afora; ajudou a disseminar a música folclórica e indígena através de arranjos e composições próprias; criou um coro dos professores de canto orfeônico; publicou o Guia Prático, uma obra em seis volumes contendo inúmeros exemplos musicais, de cantos indígenas aos clássicos da literatura universal; promoveu concertos