Vigotski e os fundamentos de uma psicologia marxista
Autor: Paulo C. Duarte Paes
Doutorando em Educação - UFSCar
Em toda a extensão da obra de Vigotski o materialismo histórico e dialético aparece como a referência teórica que fundamenta suas reflexões nos campos da psicologia e da pedagogia. Ele utiliza algumas vezes estes conceitos, associados à palavra psicologia, para identificar o referencial epistemológico dos seus estudos, tais como: psicologia dialética em “La psique, la consciência, el inconsciente, materialismo psicológico” 1 em “El significado histórico da la crisis de la psicologia”2 ,
1991, p. 389, 392), psicologia marxista e psicologia histórica ou histórico-social em “El método instrumental em psicologia” 3 ; “História do comportamento” 4 . A associação destas categorias da teoria do conhecimento criada por Marx à palavra psicologia é feita com fins didáticos apenas para reforçar suas convicções metodológicas em alguns momentos, já que Vigotski não identifica a teoria que criou como um campo a mais da psicologia como: a psicologia social, a psicologia pedagógica ou a psicologia infantil. Ele afirma a necessidade da existência de uma única psicologia como ciência que denomina “psicologia geral” ou apenas “psicologia” 5 e que abarca todas as outras especificidades da psicologia, como a Gestalt, a Psicanálise ou a Reflexologia. É elucidativa da posição de Vigotski a respeito desta questão, a seguinte reflexão:
Um marxista historiador nunca dirá “história marxista da Rússia” considerando que isso se depreende do próprio fato. Marxista para ele é sinônimo de “verdade” de
“científica”, pois não reconhece outra história que não a marxista. E para nós a questão deve ser formulada da seguinte maneira: nossa ciência se converterá em marxista na medida em que se converta em verdadeira, científica, e é precisamente à sua transformação em verdadeira, e não à sua subordinação à teoria de Marx, que nós vamos nos dedicar. Tanto para preservar