Vidas secas, graciliano ramos
Na obra, o autor narra, então, a luta desses viventes para sobreviverem apesar de. Apesar da seca, apesar da falta de estudos, apesar da falta de comunicação entre os membros da família, apesar do abuso de poder, apesar das perdas, apesar da falta de perspectivas futuras, apesar de suas próprias vidas... secas. A angústia toma conta da história. Os sonhos são pequenos. Seus nomes são pequenos. Seus filhos são pequenos. Seus vocábulos são pequenos, seus sons guturais, secos de certas palavras, assim como de palavras certas. Secas são suas vidas. Secas estão suas esperanças. Seca e dura é a cama de Sinhá Vitória. Secos são os sentimentos de Fabiano. Seca é a terra. Seco é o céu. Seca é a história sobre os viventes.
A obra é feita de ausências: de água, de nomes, sobrenomes, de palavras, de dinheiro, de respeito. O silêncio fala muitas vezes por eles e, Graciliano mostra, a partir de comparações entre homens e animais, a zoomorfização dos homens ― Fabiano se compara, intermitentemente, a um bicho, assim como seu filho ― e a antropomorfização do animal ― Baleia, embora cachorra, possui as sensações mais humanas da história e cabe a ela também o momento mais dramático da narrativa. A ela, Graciliano provê alegrias e tristezas, vida e morte; aos demais personagens, cabe apenas a sobrevivência.
O homem que vive aspira. Dessa forma, Sinhá Vitória aspira a uma cama de verdade, macia. O menino mais novo cobiça ser