viciados em tecnologia
Guilherme Pinho Meneses – Mestrando em Antropologia Social (PPGAS/USP)
Resumo: A proposta consiste em um mapeamento parcial da controvérsia sobre a dependência de videogames, em especial, de uma discussão sobre os seus distintos modos de classificação, métodos de diagnóstico e tratamento. Apoiando-se na teoria do ator-rede de Bruno Latour, busca-se constituir um parlamento das coisas a fim de descrever a variada semântica de noções de dependência e de vício enunciadas e praticadas pelos variados sujeitos envolvidos na controvérsia: os próprios jogadores; pais, cônjuges e demais pessoas próximas a estes jogadores; desenvolvedores de games; cientistas de diversas áreas (psiquiatria, psicoterapia) e teorias acadêmicas. Junto a estes diversos sujeitos, buscar-se-á mapear as práticas investigando a maneira pela qual os diversos saberes científicos sobre a dependência de drogas associam-se a outros elementos, como as dependências comportamentais, que incluem, principalmente, a dependência de jogos de azar e as dependências tecnológicas, as quais se imbricam na construção da ideia do jogador “viciado” em videogames. Passaremos por uma discussão das principais correntes teóricas que abordam o assunto, tal como o modelo cognitivo-comportamental, o modelo neuropsicológico, a teoria da compensação e os fatores situacionais, numa tentativa de desestabilizar os seus pressupostos e ressaltar os elementos colocados em controvérsia entre os diferentes atores. Ao costurar este cruzamento de perspectivas a partir das práticas, discursos e classificações dos sujeitos, buscaremos multiplicar as possibilidades de traçar o rastro destas intensas conexões dos homens com os videogames.
Palavras-chave: videogames; dependência; drogas; antropologia da ciência.
Introdução
Neste artigo iremos nos debruçar sobre algumas formas científicas de entendimento da dependência de videogames. A