Vestido de noiva

Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, é uma das mais importantes peças teatrais para a cultura brasileira. Foi encenada pela primeira vez no Rio de Janeiro em 1943, e inaugurou o Modernismo no teatro nacional. Nelson utilizou uma nova linguagem, deixando para trás a narrativa tradicional, que tinha uma estrutura de textos com começo, meio e fim. Busca então, uma forma diferente de contar a história, as cenas não têm mais uma sequência lógica, apresentando-as de maneira que, somente no decorrer do espetáculo, o público começa a compreender a proposta. Temos claramente um texto moderno, quebrando paradigmas, expectativas e sem a mínima intenção de agradar ao público. Ele inova também com o assunto discutido, a discórdia, ciúme e rivalidade entre duas irmãs. Isto acaba mexendo com os valores da sociedade da época, já que se trata de um assunto polemico, atacando a instituição familiar, tão importante para a época, principalmente tratando-se das classes média e alta. Era como se o público tivesse a oportunidade de se olhar e refletir, além dos recursos tecnológicos que utilizou para montagem da peça, o que também era novidade para o teatro. Esses recursos tecnológicos foram utilizados para a montagem da peça, para aproximar o público das sensações propostas, inclusive iluminação e a própria montagem do palco, que foi dividido em três cenários, que seriam na verdade a intenção de três planos diferentes: a realidade, a memória e a alucinação. Para entendermos melhor o motivo dessa montagem precisamos falar brevemente sobre a história: Alaíde é uma jovem de família classe média que se casa com Pedro, depois que este já havia namorado sua irmã Lúcia. No dia do casamento de Alaíde e Pedro, Lúcia discute com Alaíde. No sótão da casa em que vai morar, Alaíde encontra uma mala com pertences de uma antiga moradora, Madame Clessi, uma prostituta do início do século que morara ali e havia sido assassinada por seu amante, um rapaz bem mais jovem. Alaíde lê então o diário de