Variação e preconceito Linguístico
A língua, sendo um código de que o homem se serve para se comunicar, apresenta basicamente duas modalidades: a culta e a popular.
A linguagem culta, também chamada padrão, tem por base a norma estabelecida pela gramática tradicional ou normativa (“regras do bem falar e bem escrever”), cuja origem compreende a língua literária e a forma linguística utilizada pelo segmento mais culto e influente da sociedade. Atualmente, determinados meios de comunicação de massa (emissoras de televisão, jornais, revistas, etc.) e o ensino escolar são seus maiores transmissores.
A norma culta tem seu papel dentro da língua, afinal é ela que assegura a unidade da língua, fato que tem implicações político-culturais. Em nome dessa unidade, ela é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas de cunho normativo. or outro lado, temos a espontaneidade, a expressividade, a dinamicidade e a criatividade da linguagem popular. É a linguagem cotidiana, utilizada no dia-a-dia. Ela apresenta gradações diversas, tendo em seu limite a gíria e o calão (“palavrões”).
O falante faz escolhas para usar a língua. Assim, conforme a situação, ele pode fazer usos diversos, como, por exemplo: Estou cansada (culto); Tô cansada (popular); Tô pregada (gíria).
Apesar do avanço dos estudos sobre língua e linguagem, algumas ideias persistem e continuam originando aquilo que Bagno (2002) chama de preconceito linguístico.
Para o autor, esse preconceito tem origem na confusão entre o que é língua e o que é gramática normativa:
A língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dele, a chamada norma culta. Essa descrição, é claro, tem seu valor e seus méritos, mas é parcial [...] e não pode ser autoritariamente aplicada a todo o resto da língua [...] (BAGNO, 2002, p. 9-10, grifos do autor).
O autor adverte que, embora hoje exista uma forte luta contra os preconceitos quaisquer sejam suas