Valores humanos
1.1 Problema
A implantação do Plano Real, em 1994, conseguiu controlar as altas taxas de inflação que vinham prejudicando o crescimento econômico e o desenvolvimento do país. No entanto, segundo Pereira e Gomes (2009), a manutenção de uma taxa cambial quase fixa, fez com que o país incorresse em elevados déficits em conta corrente e, ficasse dependente do ingresso de capital internacional e vulnerável a choques externos.
Como afirma Lacerda et al (2000, p. 213), apesar de o Plano Real ter sido apontado como a melhor experiência de estabilização da economia brasileira, “a sua sustentabilidade e, principalmente, a retomada do crescimento econômico dependem de reformas mais profundas, de âmbito estrutural, envolvendo as áreas fiscal-tributária, patrimonial, financeira e administrativa”.
Além disso, existem os fatores externos que afetam a estabilidade de uma economia. E não foi diferente com a economia brasileira que, em 1998 sofreu os efeitos da crise russa. Tal crise dificultou a obtenção de créditos externos e reduziu as reservas cambiais do país, uma vez que alguns estados brasileiros propuseram uma moratória no pagamento de suas dívidas e alguns investidores estrangeiros liquidaram suas posições no Brasil para realizar lucros e cobrir prejuízos em outros lugares, criando assim um fluxo de saída de capitais do país. Em resposta a diminuição de suas reservas, o Brasil recorre ao Fundo Monetário Internacional (FMI), como afirma Lacerda et al (2000, p. 215-216), “o início de 1999 foi marcado por um intenso debate sobre a viabilidade de cumprimento das medidas sugeridas pelo FMI, especialmente no que se refere aos juros, já que sua elevação agravaria a recessão e diminuiria a receita do governo, afetado nas suas contas pela elevação do custo do financiamento da dívida pública”.
As negociações com o FMI mostraram que mesmo um alto grau de reservas não seria suficiente para conter a sangria de capitais apesar de que as reservas existentes