Valores humanos
A Formação do Ego e os Valores
“Nenhum homem consegue fazer o que é convocado a realizar nesta vida a menos que possa aprender a esquecer seu ego e a atuar como um instrumento de Deus.” W. H. Auden O homem necessita sair do paraíso, para estar no mundo e se constituir como indivíduo histórico. A perda da condição de plenitude e totalidade descrita nos mitos como uma queda, como a saída do estado paradisíaco, faz parte do processo do desenvolvimento da consciência humana. A emergência da consciência da individualidade é igualmente apresentada nos mitos, como semelhante ao processo de criação do mundo, como a divisão da totalidade primordial em opostos que se multiplicam infinitamente. Com a perda do estado de totalidade, o ser humano entra no mundo temporal, da multiplicidade, da divisão. A quebra da totalidade original, a saída da condição de união com o Self, corresponde, no nível psicológico, ao corte do estado de simbiose da criança com a mãe, o que desperta a consciência da individualidade e com ela, o sentimento de estar separado do todo. O resultado da saída do estado de plenitude com o Self e da simbiose com a mãe é a entrada no mundo do tempo e do espaço, a construção da individualidade, o estabelecimento do ego e a constituição do sujeito no mundo. No processo de formação da noção de indivíduo, o ego emerge como o centro desse processo e é marcado pelos sentimentos de impotência, de fragilidade, de inferioridade, incapacidade e separação. Freud chamou de primeira castração a este estado psíquico, necessário o para o desenvolvimento da percepção do eu discriminado do outro. Por volta dos dois anos, a criança, vive a segunda castração; a percepção das diferenças sexuais e a entrada do pai, como a lei, o que completa a sua noção de indivíduo sexuado e diferente do outro. A criança é impelida a se identificar