A expressão Valor Justo designa, segundo as Normas Internacionais de Contabilidade, a quantia pela qual um ativo podia ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso numa transação em que não existe relacionamento entre elas. O Valor Justo distingue-se do valor realizável líquido na medida em que enquanto o justo valor reflete a quantia pela qual o mesmo ativo podia ser trocado entre compradores e vendedores conhecedores e dispostos a isso, o valor realizável líquido se refere à quantia líquida que uma entidade espera realizar com a venda do ativo no decurso ordinário da atividade empresarial. Por exemplo, no caso dos inventários, o valor realizável líquido pode não ser equivalente ao justo valor menos os custos de vender. A contabilidade a valor justo tem sido discutida desde meados do século passado; porém, tomou força maior a partir de publicações recentes do FASB (Financial Accounting Standards Board) e do IASB (International Accounting Standards Board). Mais recentemente, em resposta à crise global de 2008, inicialmente chamada de crise do subprime, a SEC (Securities Exchange Comission), o FASB e o IASB rediscutiram exaustivamente este critério de mensuração, com o objetivo de detectar falhas que poderiam ter deflagrado ou agravado a crise, e também a fim de esclarecer como o valor justo deve ser estimado no caso de mercados ilíquidos ou ausência de um mercado ativo. Esta dissertação questiona se, na visão de especialistas em economia e mercado financeiro, a contabilidade a valor justo teve papel decisivo na deflagração ou agravamento da crise financeira mundial. A primeira parte deste trabalho se desenvolve primariamente com base nos pronunciamentos do IASB e do FASB sobre o valor justo na contabilidade, e tem por finalidade a revisão de alguns conceitos sobre mensuração e, principalmente, buscar o entendimento da teoria e da aplicabilidade da contabilidade baseada em valores de mercado. Na segunda parte, são