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FANTASMAS (IN)TANGÍVEIS NOS CONTOS DE MURILO RUBIÃO
MÁRCIA MARQUES DE MORAIS
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Resumo
A partir do tratamento que Freud dispensa ao significante alemão unheimlich, será examinada a questão das epígrafes bíblicas no texto de Murilo Rubião, como recurso para dar voz a fantasmas do sujeito. Esse agenciamento do conceito de fantasma aponta a inegável possibilidade de leitura dos contos murilianos pela vertente da psicanálise (raríssima, no entanto). Travessias complexas da subjetividade, conflitos do sujeito são matéria sempre da memória de sua literatura fantástica, que trata, à exaustão, do conflito entre pulsão e sua regulação, entre indivíduo e seu entorno, representado, sobretudo, pela alusão aos laços familiares, à família, ao clã, como instância primeira do mal-estar. No entanto, no texto de
Rubião, os fantasmas − inquietantes, estranhos − são familiarizados por um trabalho obsessivo com o código lingüístico, com a forma do texto que, previsto, ortodoxo, tradicional e clássico, faz convergir para si, como significante, um significado tensionado entre lógico e alógico/ilógico; real e supra-real, aquietando, ainda que fugaz e ilusoriamente, a estranheza.
Palavras-chave
Murilo Rubião; estranho e familiar; sujeito e sociedade; desejo e angústia; falta e linguagem.
Abstract
Taking as a starting point the treatment given by Freud to the German signifier unheimlich, the paper will examine the issue of the Biblical epigraphs in Murilo Rubião’s text, a device used to give voice to the subject’s phantom. The use of the concept of the “phantom” points to the undeniable possibility of reading Rubião’s short-stories through psychoanalysis (however uncommon this may be). Complex crossings of subjectivity, as well as the subject’s inner conflicts, are constitutive elements of Rubião’s fantastic literature, a literature that deals extensively with the conflict between compulsion and its regulation, the