Uti unidade de terapia intensiva
Em virtude, sobretudo, da complexidade do conhecimento biomédico, do avanço tecnológico e da qualificação do cuidado em saúde, foram criadas as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), locais em que é possível aumentar as chances de se recomporem as condições estáveis do paciente e de propiciar sua recuperação e sobrevivência. Porém, com o passar do tempo, a UTI tornou-se um local em que a técnica se sobrepõe aos aspectos relacionais de cuidado, uma vez que os profissionais que ali desenvolvem suas ações estão sobremaneira envolvidos com máquinas e monitores e tendem a esquecer que, velados pelos problemas de doença, existem um paciente e sua família.
Assim, compreende-se que não só o cenário específico das UTIs, mas também os espaços das instituições e organizações de saúde viraram locus de reprodução do modelo biomédico cartesiano instituído histórico-socialmente. Constata-se que a recuperação de conceitos e práticas humanizadoras tem se tornado urgente, bem como desafiadora. Em meio aos desejos e necessidades emanados dos sujeitos nas práticas e nas relações no campo da saúde, estratégias governamentais começaram a ser traçadas e culminaram com a publicação do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar - PNHAH e, posteriormente, com a Política Nacional de Humanização da atenção e gestão em saúde - PNH (Brasil, 2003, 2001).
A política da humanização tornou-se, nos últimos anos, temática recorrente em investigações e reflexões na área da saúde, interessando aos diferentes ramos do conhecimento científico. Vários estudos têm sinalizado a urgente necessidade de gestores e profissionais da saúde se adaptarem e desenvolverem, em seus locais de trabalho, uma assistência de acordo com a preconizada pela PNH (Beck et al., 2007; Bolela, Jericó, 2006; Falk et al., 2006; Casate, Corrêa, 2005; Backes, Lunardi Filho, Lunardi, 2005). Esta pesquisa, portanto, tem a finalidade de compreender como os profissionais da enfermagem (enfermeiros e técnicos)