uso do telemovel
Introdução
A capacidade de criar artefactos faz parte da essência do ser humano, que sempre viveu/sobreviveu apoiando-se em tecnologias. Na sociedade contemporânea, o telemóvel destaca-se pela sua generalização, expressa por taxas de penetração de 111,5% em Portugal e de 101,9% na União Europeia (ANACOM, 2006), e também pela rapidez com que esta tecnologia foi globalmente adoptada e por tender a ser utilizada com frequência crescente. Além disso, é uma tecnologia integrada no quotidiano, isto é, os seus utilizadores consideram-na natural e sempre disponível, mas com profundos impactos sociais. A investigação sobre o telemóvel em Ciências Sociais é bastante recente, estando embora a surgir por todo o globo, particularmente na Europa e no Japão. A actualidade é marcada pelo amadurecimento e pela afirmação deste tema de investigação, com o lançamento de vários livros (Hamill e Lasen, 2005; Harper et al., 2005; Ito et al., 2005; Ling e Pedersen,
2005; Katz, 2006; Kavoori e Arceneaux, 2006) e com estudos quantitativos que corroboram o trabalho qualitativo inicial (The Mobile Life Report, 2006). Neste artigo, pretendemos apresentar um olhar integrado e crítico sobre a investigação no âmbito deste tema, a partir de uma revisão da literatura, destacando os impactos sociais mais relevantes desta tecnologia.
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* Assistente da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (pdias@fch.ucp.pt) e da Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal (pdias@esce.ips.pt)
Comunicação & Cultura, n.º 3, 2007, pp. 77-96
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Panorama actual da investigação sobre o telemóvel em Ciências Sociais
A investigação sobre o telemóvel insere-se num tema mais vasto, o da relação entre a tecnologia e a sociedade. Neste âmbito, os cientistas dividem-se entre visões opostas: o determinismo