URBANIZAÇAO SALVADOR

A Urbanização Voraz em Salvador
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Fernando Pedrão 1

O binômio cidade e campo não se esgota em relações de predomínio econômico com um termo a serviço do outro. O vínculo é de natureza recíproca, dialética. As estruturas se interpenetram, em conflito permanente, ajustando-se e renovando seus componentes.
Raymundo Faoro

1. O movimento social da urbanização
O processo urbano em Salvador hoje manifesta tensões críticas indiscutíveis, que tornam necessário revisar os fundamentos conceituais e as experiências reconhecidas com que se pensam ou executam políticas urbanas. A cidade é o principal âmbito das relações conflitivas de classe, onde se cruzam diferentes projetos de poder e onde sempre há a possibilidade de intervenções autoritárias, tanto da esfera pública como da privada. Há uma disfunção entre o perfil da crise social urbana e o olhar mecanicista do planejamento, que leva a rever os fundamentos da gestão da cidade como tal (Pedrão, 2005). Há uma geopolítica do conflito urbano (Bandeira, 2003) que se realiza através de um movimento duplo de valorização e desvalorização de espaços. O significado social – histórico – das transformações da cidade ganha novas cores, segundo elas são

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Doutor e Docente Livre pela Universidade Federal da Bahia, Diretor do Instituto de Pesquisas Sociais, professor da

Universidade Salvador.

Revista VeraCidade – Ano IV - Nº 5 – Outubro de 2009

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Fernando Pedrão

vistas como conseqüências endógenas do metabolismo da própria cidade, ou decorrem de uma sucessão de intervenções de agentes externos à cidade. Na medida em que o crescimento demográfico da cidade gerou demandas de serviços que ultrapassaram a capacidade financeira do poder municipal, surgiu um descompasso entre o capital social e as condições de vida da maioria presente na cidade. Sua expressão mais evidente é a favelização, mas que se encontra sob diversas formas, como carência das condições sociais de vida de grupos