Urbaniza o e criminalidade
O aumento da pobreza crônica tem sido explicado pela atração de pessoas do setor agrário empobrecido para os centros urbanos. As taxa indicam que cerca de 35% da população pobre dos centros urbanos é composta de migrantes.
Essa explicação é grave não apenas por mostrar que o setor agrário não tem capacidade para tantos trabalhadores, mas também porque mostra que não é possível o aproveitamento total dessa mão-de-obra na indústria. Logo, nos grandes centros urbanos, milhares de pessoas não se encontram sob a vigilância das instituições sociais, vivem como podem, à deriva e à revelia dos planejamentos oficiais em virtude da incompetência do sistema econômico e politico.
Em relação a essa população cria-se um sentimento de desconfiança e de insegurança, porque com o seu crescimento evidencia-se o aumento da criminalidade nos grandes centros. E o perfil social dos criminosos reforça-se essa associação entre pobreza e criminalidade, pois os autores dos crimes oficialmente denunciados são geralmente analfabetos, trabalhadores braçais e predominantemente de cor negra.
Entretanto, sociólogos mais cuidadosos têm estabelecido outras relações, como uma prática policial preconceituosa, somada à desproteção das classes subalternas que torna a relação entre pobreza e criminalidade uma profecia autocumprida assim formando-se um círculo vicioso em que o indivíduo, para ter trabalho, precisa ter domicílio, registro, carteira profissional e uma situação civil legal. Impossibilitado de trabalhar por não cumprir tais exigências, ele passa a aumentar as fileiras de marginalizados que vivem sob constante vigilância policial.
O estigma da pobreza
Sabemos que o Estado mostra-se incompetente no combate à pobreza e que as medidas públicas tem sido mais de policiamento, vigilância e violência do que resolução do problema. Iniciativas de caráter assistencial têm resultados momentâneos, enquanto a imprensa exibe em cores cada vez mais a realidade da população