Universitária
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PARTE I
Envelhecimento: um processo adaptativo multifatorial
APRESENTAÇÃO
O envelhecimento humano, assim como as demais etapas da vida (o desenvolvimento), é um processo de transformação do organismo que se reflete nas suas estruturas físicas, nas manifestações da cognição, bem como na percepção subjetiva dessas transformações.
Esta primeira parte do livro abordará como esses três aspectos – subjetividade, cognição e transformações orgânicas – caracterizam o processo do envelhecimento visto de uma forma abrangente. O aspecto da mudança é o marco essencial tanto dos estudos sobre o desenvolvimento como daqueles sobre o envelhecimento. Uma forma bastante estereotipada, mas freqüente, de distinguir essas duas fases da vida é associar ao desenvolvimento as mudanças positivas, enquanto ao envelhecimento as mudanças negativas, como maior presença de falhas, de diminuições e de limitações. Este livro, e de forma especial estes três primeiros capítulos, mostram que essa posição é bastante limitada e que em todo o período da vida existe um balanço entre perdas e ganhos.
Dentro dessa perspectiva, o Capítulo 1 aborda a questão da qualidade de vida no envelhecimento e apresenta características gerais
sobre o envelhecimento, salientando trabalhos realizados no Brasil. Se envelhecer é mudar, tais mudanças, entre elas as cognitivas, devem dirigir-se para uma melhor qualidade de vida.
Como bem colocam os autores Trentini, Xavier e Fleck, qualidade de vida é uma variável importante que se reflete tanto no bem-estar do indivíduo como nas doenças e seus tratamentos. Um exemplo é o resultado de uma pesquisa descrita no capítulo e realizada em nosso meio: mesmo estando hospitalizada, metade dos idosos não se percebia como doente. Esse conceito subjetivo, multidimensional, deve ser entendido em sua complexidade, e não de uma forma simplista. Ele deve abordar não apenas as dimensões positivas da vida da pessoa