Podemos dizer de muitas folhas que elas são verdes, de muitos seres vivos diversos que eles são seres humanos,de muitas ações que elas são justas,mesmo que elas nos pareçam completamente diferentes umas das outras. Como é possível que coisas por vezes muito diferentes compartilhem da mesma propriedade? O que nos permite aplicar um mesmo predicado a coisas muito diversas,generalizar,descobrir a unidade na multiplicidade,esse pressuposto que é fundamental ao entendimento humano? Há basicamente duas espécies de resposta a essa questão: o realismo e o nominalismo(1). Em sua versão clássica, o realismo dos universais afirma que podemos distinguir a mesma propriedade ou atributo em muitas coisas diversas,posto que essa propriedade é um universal puro ou abstrato (uma entidade abstrata,a idéia, a forma), o qual é de algum modo compartilhado por todas essas coisas,talvez por serem elas próprias, como pensava Platão, cópias imperfeitas desse universal. Uma vez que esse compartilhamento seja por nós percebido, tornamo-nos capazes de aplicar o predicado às diversas coisas através da referência ou conotação que ele faz do atributo universal. Assim, podemos dizer de muitos seres vivos que eles são humanos porque eles compartilham da propriedade universal de humanidade; podemos dizer de muitas folhas que elas são verdes porque elas compartilham da propriedade universal da “verditude”. Essas propriedades universais são consideradas pelos realistas entidades não-empíricas; elas não estão nem no espaço nem no tempo, mas é pela semelhança que as coisas empíricas guardam com elas que podemos encontrar a unidade na diversidade,dizer o mesmo de muitos,generalizar. A posição do nominalista é a de que não é necessário recorrer a um universal para justificar o compartilhamento de uma mesma propriedade por coisas diferentes. Na verdade, “compartilhamento de uma mesma propriedade” é apenas uma maneira de falar. Quando dizemos que muitas folhas são verdes, que alguns seres vivos são humanos,