Os Universais
Platão e Aristóteles são dois marcos fundamentais na história da filosofia. Apesar de terem posições diferentes sobre a origem das ideias, definiram o campo de nossa experiência cognitiva ao estabelecer que todo conhecimento tem uma parte sensível e outra intelectiva.
Para que algo possa ser conhecido por nós é preciso que seja percebido pelos sentidos, mas isso ainda não é suficiente para dizermos que conhecemos o que a coisa é. É preciso que reconheçamos tal objeto como um objeto de certo tipo e não de outro (para que eu identifique o objeto como cadeira e não como banco, por exemplo).
Para isso, eu preciso de um conceito. Um conceito é uma representação geral e abstrata de algo. Ele é um meio entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. Por meio dele eu me refiro às coisas no mundo e posso comunicar meus conhecimentos para outras pessoas.
O conceito pode ser considerado subjetivamente como ato de conceituar ou classificar os objetos - e objetivamente como conteúdo do ato, ou seja, o que o conceito significa. Por seu caráter geral e abstrato, os conceitos são considerados universais, ou seja, um termo que é comum a muitos singulares, sem designar a nenhum deles em particular, da mesma forma que podemos dizer que os indivíduos singulares Maria, João, José pertencem à humanidade (universal).
A querela dos universais
Durante a Idade Média, a natureza dos universais deu lugar a intensos debates entre as mentes mais brilhantes desse período. Debate que ficou conhecido como querela dos universais.
A querela tem início com uma série de questões colocadas por Porfírio (232-304) no prefácio de sua Introdução às Categorias de Aristóteles (Isagoge). Recusando-se a tomar partido em favor de Aristóteles ou Platão, Porfírio limita-se a anunciar qual é a natureza do problema.
Vejamos: quando me refiro às ideias gerais (como o gênero animal e a espécie homem), identifico determinadas características comuns que me