Unidade 1 - o neoliberalismo como proposta hegemônica e globalização
Celia Regina Otranto Trabalho publicado na Série Textos CPDA, No. 10, Setembro/1999, p. 11-18.
Esse trabalho se propõe a fazer uma breve análise do neoliberalismo. Tenta demonstrar a importância teórica e política de se compreender o neoliberalismo como um complexo processo de construção hegemônica que ganha força quando se configura na alternativa à grave crise que se inicia no final dos anos 60 e se manifesta claramente já nos anos 70, na maioria das sociedades capitalistas.
Considerando que sociedade capitalista é aquela que tem por objetivo central produzir para acumular, concentrar e centralizar capital, pode-se concluir que as necessidades do homem e da coletividade não representam as suas prioridades. O capitalismo, então, está centrado nas leis de produção e no lucro e, conseqüentemente, na exclusão dos concorrentes. Justamente por isso é um sistema que tende a crises profundas. Na realidade, a forma capitalista de relação social tem inscrito em sua lógica a eterna possibilidade da crise, principalmente porque não basta ao capitalismo explorar a força de trabalho, incorporando-a nas mercadorias produzidas, é preciso que o ciclo se complete com a venda das mercadorias. Historicamente, a crise do capital não é a crise da produção de mercadorias e sim a crise da superprodução e sua venda no mercado.
As crises de 1914 e a de 1929 evidenciaram que se o modo de produção capitalista for deixado livre em sua lógica anárquica, destrutiva e excludente a tendência é por em risco o próprio sistema. É dentro dessa compreensão e no contexto do ideário socialista e comunista a partir da Revolução de 1914 que a teoria de um Estado forte e interventor capaz de regular a demanda, oferecer subsídios e instaurar uma base planejada de desenvolvimento ganha força. São as teses keynesianas que assumem ampla adesão após os anos 30.
A crise que abriu as portas para o neoliberalismo foi aquela ocasionada