Un Chien Andalou
“Un Chien Andalou” chegou numa altura em que o Dadaísmo estava a ser substituído pelo Surrealismo, movimento este que se focava mais na aproximação materialista do desejo e conhecimento irracionais. As obras dadaístas foram primariamente criadas a partir da psicanálise e do trance hipnótico. Buñuel e Dalí mostram uma fusão destes dois elementos neste filme, um filme que ridiculariza a corrupção da realidade e do tempo. Aliás, segundo Salvador Dalí, a natureza humana é irracional e surreal por si mesma e, como tal, maravilhosa. O método dos dois compatriotas era a mútua apresentação de imagens ou eventos. Ambos teriam de concordar antes da inclusão de qualquer elemento no filme.
“Our only rule was very simple: No idea or image that might lend itself to a rational explanation of any kind would be accepted. We had to open all doors to the irrational and keep only those images that surprised us, without trying to explain why.”
- Luis Buñuel
O escândalo causado por “Un Chien Andalou” tornou-se uma lenda para os surrealistas. Foi realizado com o intuito de provocar um choque revolucionário na sociedade da altura. Hoje em dia, as suas técnicas foram tão absorvidas que o impacto desse choque foi perdido. Na primeira exibição do filme, Buñuel diz ter enchido os bolsos de pedras, que atiraria aos espectadores caso a curta-metragem não fosse bem recebida.
Este filme foi feito com o objectivo de confundir o espectador, enquanto este procura respostas e significados onde estes podem não existir. Dalí e Buñuel subvertem a narrativa clássica e projectam muitos temas e assuntos abertos a discussão. Esta subversão é um olhar objectivo livre de distorções de qualquer tipo para que a estranheza da natureza possa ser inteiramente compreendida. A base dos filmes de Buñuel, segundo o próprio, eram os seus sonhos.
Luis Buñuel foi passar alguns dias a casa de Dalí e contou-lhe um sonho que tivera, no qual uma nuvem cortava a lua em duas partes. Dalí