Uma orientação ecológica na abordagem das novas mídias e da comunicação
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Uma orientação ecológica na abordagem das novas mídias e da comunicação
Palavras-chave: Pinto, Manuel-Entrevistas. Televisão e crianças. EducaçãoInovações tecnológicas.
Key words: Pinto, Manuel-Interviews. Television and children. EducationTechnological Innovation.
Entrevista concedida por Manuel Pinto*, da Universidade do
Minho, à Monica Fantin (UFSC).
Revista Perspectiva: Apesar de as tecnologias digitais provocarem mudanças nos consumos de mídia, em países como o Brasil a TV ainda ocupa uma centralidade na vida de crianças e jovens. Como o senhor vê essa relação hoje? Manoel Pinto: Vou falar da minha experiência na realidade portuguesa em particular e, de uma certa forma, da realidade europeia. Eu continuo a achar que a televisão mantém essa centralidade. Creio que há uma tendência de natureza etnocêntrica que faz com que os círculos que coabitam e convivem regularmente com a web, com as novas redes e as novas mídias tendam a extrapolar para a realidade no seu conjunto aquilo que é uma experiência que ainda acaba sendo relativamente minoritária. Essa é uma das dimensões do digital divide a que muitas vezes nos referimos e que não é suficientemente considerada.
Quando terminei a minha tese de doutorado em 1995, a internet começou a se tornar um fenômeno social e cultural muito significativo, e quando percebi a dimensão e o alcance desse novo ambiente, entrei um pouco em angústia por ter ficado três anos investigando em torno de “um meio que vai
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Professor Associado do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do
Minho, Diretor do Curso de Mestrado em Ciências da Comunicação – área de especialização Comunicação, Cidadania e Educação –, Vice-Presidente do Instituto de Ciências
Sociais e Diretor Adjunto do Centro de Estudos da Comunicação e Sociedade da mesma universidade, em Braga, Portugal. Entrevista concedida à Monica Fantin (UFSC), na