Uma menina que sonhava
O livro infanto-juvenil "As Tranças de Bintou" (Cosac Naify, 2004), de Sylviane A. Diouf, conta a história de Bintou, uma menina africana que sonha ter tranças longas e enfeitadas com pedras coloridas e conchinhas como as de sua irmã mais velha e de outras mulheres de seu convívio. Porém, como ainda é criança, tem de se contentar com os seus birotes. Neste livro, uma delicada história sobre a angústia do rito de passagem e o aprendizado do crescimento são ilustrados por Shane W. Evans, em personagens capazes de trazer ao jovem leitor, uma visão da cultura africana, permitindo, assim, repensar também a cultura brasileira. Este livro recebeu a indicação do Programa Nacional Biblioteca da Escola 2005 e Altamente Recomendável (Tradução ou Adaptação Criança), pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE EM AS TRANÇAS DE BINTOU
DE SYLVIANE A. DIOUF”
Márcia Tavares (UFRN) marciatavares.cg@ig.com.br 1. LITERATURA INFANTIL: CAMINHOS E ENCONTROS
No período compreendido entre os séculos XVI e XVII, as crianças eram comumente vistas como adultos em miniatura, participando de eventos e espaços dos adultos do mundo do trabalho e da família, sem distinção de reconhecimento da sua alteridade através de sinais como roupas ou atividades específicas. No entanto, com o surgimento de uma nova classe as mudanças nesses conceitos começam a se operar. A burguesia após se consolidar como classe social busca, através de instituições consagradas ao seu favor, divulgar e manter sua ideologia. A família volta-se para a intimidade de seus membros e fundamenta o estereótipo familiar através da divisão